Analisando a Praça do Campidoglio, Dr. Plinio Corrêa de Oliveira aponta graves defeitos na
urbanização de grandes cidades brasileiras.
Esta é a bonita
Igreja de Trinità dei Monti, construída em louvor da Santíssima Trindade.
Agradável contraste entre três palácios
Nota-se uma elevação
de terreno e, em baixo, um ajardinamento e uma escada muito bonita que, através
de vários lances desde a igreja, desce até uma praça onde se ergue uma coluna
no alto da qual está a Imagem da Imaculada Conceição, construída no tempo de
Pio IX para celebrar a promulgação do dogma da Imaculada Conceição.
Em outra foto, vemos
uma das coisas mais bonitas que conheci em minha vida: a Praça do Campidoglio,
em Roma, no centro da qual se encontra uma estátua do Imperador Marco Aurélio.
Trata-se de uma réplica, pois a figura original estava se deteriorando por
causa da poluição; então, fizeram esta cópia e puseram a escultura original
numa sala, onde não sofresse a deterioração.
Três palácios
circundam a praça: um ao fundo e dois frente a frente. Há um contraste
agradabilíssimo entre esses palácios, pois o do fundo, com um aspecto
completamente distinto dos outros, forma uma dissonância harmônica com a
perfeita identidade dos dois palácios laterais.
Considerando este
palácio do fundo, vemos como ele é de uma altura muito formosa. A proporção das
janelas e das portas é também muito bonita. O palácio é de uma cor um tanto
avermelhada e tem no alto uma balaustrada branca. Ao fundo vê-se uma torre e um
relógio.
Considerem a
distinção e — eu não recuo diante da palavra — a majestade multissecular desse
palácio! É uma verdadeira beleza, e pode-se ficar aqui horas contemplando.
Vejam os bonitos
desenhos do chão, a aplicação de pedra sobre pedra, sem o que esse espaço,
permanecendo de uma só cor, ficaria vazio e a harmonia da praça desapareceria.
Chamo a atenção para
o fato de que, por toda parte, o europeu se empenha em plantar bonitas árvores
e colocar fontes, o que não é tão frequente encontrarmos em grandes cidades
brasileiras, como São Paulo, por exemplo.
Síntese entre a cidade e o mato
Por que faço
comparações como essa? Não é antipático? Não se diria que essas comparações,
necessariamente desfavoráveis a nós, melhor seria que não fossem feitas? Quem
levantasse tal objeção diria uma coisa caracteristicamente desprovida de
inteligência, porque a pessoa criteriosa quer conhecer os seus defeitos para
corrigi-los. E se foram cometidos erros no urbanismo de São Paulo, como no de
outras grandes cidades do Brasil, é preciso conhecê-los e criar um estado de
espírito por onde esses erros não se repitam.
Assim, a perpétua
linha reta que não acaba mais; a ausência de arborização, ou uma arborização
raquítica, pobre, retorcida, que se prefere nem ver, são defeitos gravíssimos
que a cidade apresenta, e contra os quais quase ninguém faz objeções, porque
não há muita apetência de nosso povo por essas coisas.
Talvez isto se deva,
um pouco, à fobia do mato, própria ao desbravador. Este chega onde há mato e
tem uma enorme vontade de estar na cidade; então procura, dentro do mato,
construir a cidade. E como, segundo uma concepção simplista, o mato é o
contrário da cidade, a primeira providência para urbanizar é derrubar as
árvores. Ora, é propriamente uma síntese entre a cidade e o mato que convém
fazer! As grandes capitais da Europa são construídas com essa ideia.
Plinio Corrêa de Oliveira –
Extraído de conferência de 9/11/1988
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