• terça-feira, 24 de abril de 2012

    Nos Jardins do Vaticano

    Abrindo-se como um leque à sombra da cúpula da Basílica de São Pedro, acompanhando as ondulações da colina sobre a qual se expandem, os Jardins do Vaticano oferecem aos visitantes um espetáculo singularmente sugestivo, formado por uma harmonia de plantas e flores de todos os gêneros, dispostas de maneira ornamental em alamedas, prados e canteiros.
    Delimitados pela Basílica de São Pedro, pelos Palácios Apostólicos e pelas muralhas vaticanas, e ocupando hoje em dia cerca de um terço do território da Cidade Pontifícia, esses Jardins têm uma origem que remonta à alta Idade Média. Ao longo dos séculos, numerosos pontífices os foram paulatinamente enriquecendo com artísticas fontes e plantas de rara beleza. São Pio V (1566-1572), por exemplo, encarregou o famoso naturalista Miguel Mercati de formar ali um jardim botânico. Outros chegaram mesmo a edificar no local alguns notáveis palacetes, como o Casino Innocenziano, a Villa Pia e o Piccolo Castel Gandolfo.
    Em sua maioria, porém, contentaram-se os Papas em caminhar pelas alamedas, sozinhos ou em companhia de um ou alguns prelados, e divagar em meio àquela agradável atmosfera.
    * * *
    Numa dessas tardes amenas da última primavera, um visitante obteve o privilégio de passear por ali, sob a guia de um simpático amigo da Cúria Romana. A certa altura, foram surpreendidos por um Guarda Suíço que lhes bloqueou a passagem com a firmeza e a gentileza características desse glorioso corpo militar pontifício: “Sua Santidade Bento XVI está rezando o Rosário, percorrendo as alamedas dos Jardins; sugiro que os senhores sigam outro caminho...” —anunciou ele de modo solene, no seu inconfundível sotaque helvético.
    Na verdade, não são muito numerosas as pessoas que têm a felicidade de transpor os limites desse maravilhoso recanto, pois o horário de visita é compreensivelmente bastante limitado.
    Uma vez ao ano, porém, os Jardins do Vaticano transformam-se no cenário de uma intensa manifestação de piedade, à altura dos mais importantes Santuários do mundo. Trata-se do Rosário Processional, no encerramento do mês de maio, um ato de louvor à Rosa Mystica, a mais bela flor daquele Hortus Conclusus. Nesse singularíssimo evento promovido pelo Vicariato para a Cidade do Vaticano, os cardeais e outros altos prelados da Santa Sé unem-se aos peregrinos vindos de toda parte, para rezar os Mistérios Gloriosos da vida de Cristo e de Maria.

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