• segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

    Harmonia entre a arte e a natureza

    Com sua típica silhueta de navio que parece desafiar os ventos e as tempestades, o Alcácer de Segóvia evoca os predicados das almas verdadeiramente católicas.
    Em pleno coração da Península Ibérica, no extremo oeste da cidade velha, se eleva com régio esplendor o multissecular Alcácer de Segóvia. Encravado numa afilada rocha entalhada pelos rios Clamores e Eresma, desafiando os ventos e os séculos, domina a paisagem circundante com sua altaneira silhueta. O nome denota sua antiga origem, pois a palavra alcácer provém do vocábulo árabe al qasr que significa castelo. Ele já existia, com efeito, antes da cidade ter sido reconquistada por Alfonso VI, e serviu de morada para o seu bisneto Alfonso VIII, o vencedor da batalha das Navas de Tolosa. Foi restaurado e ampliado por diversos reis de Castela, entre os quais Alfonso X o Sábio e João II, este último responsável pela construção da imponente torre de menagem que domina o edifício.
    No século XV, o Alcácer desempenhou papel preponderante na ascensão ao trono de Isabel a Católica como rainha de Castela e Leão. Aí ela se casou com Fernando II de Aragão e, quase um século mais tarde, o prédio foi cenário das bodas de Ana d’Áustria e Felipe II, rei ao qual devemos a configuração arquitetônica definitiva, que hoje contemplamos.
    Reflexo da eternidade e fruto dos séculos, sua característica silhueta de navio parece desafiar com a sua altiva proa ventos e tempestades. Aliando força e elegância, ele evoca os predicados das almas verdadeiramente católicas: estabilidade, beleza, solidez, intrepidez e vistas postas na eternidade.
    O Alcácer de Segóvia representa, sem dúvida, um exemplo prototípico das belezas criadas pela união entre a arte e a natureza. Se as suas bases estão bem fincadas na pedra, as esguias torres apontam para o alto. Dir-se-ia obra de um Anjo descido do Céu que tocou na montanha, transformando as rochas brutas nesta obra-prima modelada pelo homem através dos séculos.

    Pensamentos como estes povoavam a mente do fotógrafo enquanto ascendia até o Mirante dos Dois Vales, numa luminosa tarde de abril. Após alguns dias de tormentas e clima instável, o céu segoviano mostrava-se dominado por extensos conjuntos de nuvens, que desfilavam com passos majestosos de etérea grandeza. Foi nessas circunstâncias que nasceu a imagem apresentada nesta página, e que temos a alegria de partilhar com os nossos leitores. 
    Revista Arautos- jan 2013

    Nenhum comentário: