• segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

    Quando e como se tornaram famosos os presépios napolitanos?


    Em 1759, o rei Carlos de Nápoles herdou a Coroa espanhola, passando a ser conhecido como Carlos III. E, da cidade do Vesúvio, ele levou para Madri a tradição de confeccionar magníficos presépios ao estilo napolitano, estimulando esse belo costume o quanto pôde no seu novo reino.
    Assim prestigiadas pelo poderoso Rei das Espanhas, tão curiosas representações do nascimento do Senhor entraram na sua idade de ouro. Os cenários cresceram em tamanho e as personagens secundárias se multiplicaram. Aspectos corriqueiros da Nápoles do século XVII passaram a disputar terreno com a tranquilidade da Belém evangélica. Os mais variados tipos humanos, trajes, mercados, prédios, alimentos, instrumentos musicais e armas, entre outros mil detalhes, encontraram guarida na cenografia natalina. Os presépios transformaram-se em obras de arte de grande valor e puseram em realce o contraste entre o sagrado e o profano.
    A serena sobriedade da Sagrada Família ficou envolvida pelo pragmatismo das personagens seculares: comerciantes absorvidos pelos seus afazeres, burgueses ocupados em lucrar, artesãos absortos nas suas lucrar, artesãos absortos nas suas manufaturas. Cada um ao seu modo afana-se no gozo da vida, alheio ao grandioso acontecimento que emoldura, evocando o clima de despreocupação com o qual o mundo acolheu o seu Salvador.

    Foi também nessa época que as ruínas da Antiguidade começaram a servir de cadre para os presépios napolitanos, refletindo o impacto que causou na opinião pública o descobrimento das antigas cidades helênicas Herculano e Pompeia, recuperadas do olvido em 1738 e 1748, graças às escavações financiadas pelo monarca espanhol. Com isso, a Gruta do nascimento do Senhor passou a ser apresentada sob a forma de um templo pagão prestes a ruir, em cujo seio nascia Jesus, o Salvador do universo.

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