• segunda-feira, 16 de junho de 2014

    Igrejas de Roma

    Gloriosa perenidade
    Durante as visitas que Plinio Correa de Oliveira fez a Roma, agradava-o discernir e sentir algo que ele chamava de a perenidade da Igreja Católica, quer dizer, o modo maravilhoso como ela vai prolongando sua existência neste mundo. Na sua história os séculos se sucedem e como que se confundem, formando uma espécie de miscelânea suavíssima, importantíssima, seríssima, de tal maneira que, ao contemplar os vários templos católicos de Roma, admira-se os passos da Igreja através dos tempos.
    Dir-se-ia que todas as épocas vividas por ela ali se revelam, num estado ligeiramente melancólico, porém doce, tranquilo — não isento de bem-estar — e olhando para a eternidade, como quem diz: “Meu dever está cumprindo, mas resta-me a mim o estar aqui, para representar o papel no cortejo dos séculos até que a peregrinação do homem sobre a face da Terra se complete”.
    O visitante com uma alma sensível a esses aspectos, pode se deter diante de qualquer uma dessas igrejas romanas e talvez perceberá, como eu percebia, que aquele edifício sagrado traz consigo a atmosfera dos primeiros anos do Cristianismo; junto a ele, ou no seu interior, ainda ecoam gemidos de mártires, e a luz do sol, neste momento ou naquele, banha de uma luz incomparável a face de uma imagem ou a ponta de um mosaico seculares.
    Essa sensação nos faz imergir no passado, e como que degustarmos as graças e a santidade da Igreja como estas se manifestavam aos homens daqueles remotos tempos. Em torno daquelas obras de arte, imagens, relicários, essa santidade e essas graças como que se mantiveram paradas.
    Mais de uma vez Plinio pode constatar essa impressão. Passava diante de uma igreja romana, detinha-se por alguns instantes a admirá-la e sentia vir do seu interior um arfar dos séculos mesclado a um vento que consigo carreava graças, e aquilo o envolvia por inteiro. Adiante, outra igreja, outra beleza, os mesmos sentimentos.
    Isto fala muito da perenidade da Igreja. E, de fato, toda grande instituição que vem do fundo dos séculos e caminha séculos para frente, a fim de alcançar genuína glória precisa ter algo pelo menos desse ocaso em que se misturam todas as épocas já vividas por ela. Sem esse predicado, se tudo for novo e composto no momento presente, será como uma criança recém-nascida no berço.
    Não. Viva, sofra, lute, combata sua batalha! Atravesse uma longa existência e seja a pessoa heróica em cuja alma se somam os diversos estados de espírito que a modelaram. Seja alguém no qual dorme o passado e pulsa o futuro!  

    Plinio Correa de Oliveira -Extraído de conferência em 10/6/1987

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