Gloriosa perenidade
Durante as visitas que Plinio
Correa de Oliveira fez a Roma, agradava-o discernir e sentir algo que ele
chamava de a perenidade da Igreja Católica, quer dizer, o modo maravilhoso como
ela vai prolongando sua existência neste mundo. Na sua história os séculos se
sucedem e como que se confundem, formando uma espécie de miscelânea suavíssima,
importantíssima, seríssima, de tal maneira que, ao contemplar os vários templos
católicos de Roma, admira-se os passos da Igreja através dos tempos.
Dir-se-ia que todas as épocas
vividas por ela ali se revelam, num estado ligeiramente melancólico, porém
doce, tranquilo — não isento de bem-estar — e olhando para a eternidade, como
quem diz: “Meu dever está cumprindo, mas resta-me a mim o estar aqui, para
representar o papel no cortejo dos séculos até que a peregrinação do homem
sobre a face da Terra se complete”.
O visitante com uma alma
sensível a esses aspectos, pode se deter diante de qualquer uma dessas igrejas
romanas e talvez perceberá, como eu percebia, que aquele edifício sagrado traz
consigo a atmosfera dos primeiros anos do Cristianismo; junto a ele, ou no seu
interior, ainda ecoam gemidos de mártires, e a luz do sol, neste momento ou
naquele, banha de uma luz incomparável a face de uma imagem ou a ponta de um
mosaico seculares.
Essa sensação nos faz imergir
no passado, e como que degustarmos as graças e a santidade da Igreja como estas
se manifestavam aos homens daqueles remotos tempos. Em torno daquelas obras de
arte, imagens, relicários, essa santidade e essas graças como que se mantiveram
paradas.
Mais de uma vez Plinio pode
constatar essa impressão. Passava diante de uma igreja romana, detinha-se por
alguns instantes a admirá-la e sentia vir do seu interior um arfar dos séculos
mesclado a um vento que consigo carreava graças, e aquilo o envolvia por
inteiro. Adiante, outra igreja, outra beleza, os mesmos sentimentos.
Isto fala muito da perenidade
da Igreja. E, de fato, toda grande instituição que vem do fundo dos séculos e
caminha séculos para frente, a fim de alcançar genuína glória precisa ter algo
pelo menos desse ocaso em que se misturam todas as épocas já vividas por ela.
Sem esse predicado, se tudo for novo e composto no momento presente, será como
uma criança recém-nascida no berço.
Não. Viva, sofra, lute, combata
sua batalha! Atravesse uma longa existência e seja a pessoa heróica em cuja
alma se somam os diversos estados de espírito que a modelaram. Seja alguém no
qual dorme o passado e pulsa o futuro!
Plinio Correa de Oliveira -Extraído
de conferência em 10/6/1987
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