• quarta-feira, 20 de abril de 2011

    A Catedral de Aachen

    A Catedral de Aachen situa-se  na cidade onde o Imperador Carlos Magno instalou sua capital, e na qual morreu.
      na  Catedral  de  Aachen  uma fusão de estilos com diversos elementos arquitetônicos: o domo propriamente dito —  que é a cúpula central grande, encimada por outra pequena, tendo no  alto uma cruz — é românico; as torres, as ogivas e as rosáceas de cristal  são de estilo gótico. 


    Do lado de fora da catedral, há figuras muito bonitas, nas quais se nota    como  é  patente  nas  incontáveis  esculturas  existentes  no  interior e exterior das igrejas medievais  — uma paz, uma serenidade extraordinárias: são homens grandes, fortes e muito másculos.
    Uma nota componente da Idade Média é a serenidade, da qual  o  mundo  de  hoje  perdeu  a  fórmula:  ligação  harmoniosa  entre  a força e a doçura. Os varões aí  representados  são  fortíssimos  — herança da natureza pujante  dos povos germânicos — e, ao mesmo  tempo,  dulcíssimos.  E  esse  ambiente de serenidade provinha de  um passado cheio de lutas e também  de oração, de piedade e de obras de  misericórdia.
    Podemos  imaginar  o  que  seria  uma igreja repleta daqueles homens  dulcíssimos e fortíssimos, todos  entoando  canções  religiosas  ou  aguardando, num silêncio  muito  meditativo,  a  hora  da  Consagração. E o grande Carlos  assistindo,  resplandecendo de piedade e de  glória.
    Apesar dos recursos que havia naquele tempo, a cúpula, vista do lado  de dentro da catedral, é riquíssima.  O lustre fica muito bem dentro dessa  cúpula e nessa atmosfera.
    Há altas arcadas, com dois andares de colunas, e por detrás se vêem os vitrais que eram lindos, famosos, e que foram destruídos durante  a última guerra mundial. Foram eles  substituídos  por  outros  muito  inferiores,  mas  bonitos  vitrais,  perfeitamente  dignos,  permitindo  avaliar  qual  é  o  efeito  ótico  desejado  por  aqueles  que  os  fabricaram.  Essas arcadas lembram vagamente o estilo  da Basílica de São Marcos, em Veneza. O estilo da Catedral de Aachen é  clássico-românico, e o da Basílica de  Veneza, bizantino.
    A cúpula internamente é constituída por mosaicos dourados, muito  bonitos, com cenas sacras. 
    O relicário que  contém os restos mortais de Carlos  Magno é uma das mais bonitas peças  de ourivesaria que existem. Quando  examinado de perto, verifica-se cada  uma de suas facetas, e depois aprecia-se o conjunto. A harmonia é perfeita!
    Compreende-se,  assim,  como  as  populações  nascidas  do  esforço  de  Carlos Magno, que eram descendentes dos antigos bárbaros e dos romanos decadentes, foram se civilizando,  se aperfeiçoando, trabalhadas pelas  mãos — que eu chamaria divinas —  da Igreja Católica.
     Há também, próximo deste, outro  relicário, o qual, como objeto de arte, é um encanto. O relicário contém: o manto de Nossa Senhora; as faixas de Jesus, usadas  no presépio; o tecido que envolveu a  cabeça de São João Batista, depois de  sua decapitação; e o pano que cobriu  Nosso Senhor na Cruz. Pergunta-se qual a  autenticidade  das  relíquias  que  ele  contém. Quer dizer, são realmente das santas e sagradas personalidades  referidas? Como chegaram a Carlos  Magno? 
    Encontra-se  na  catedral  o  trono  de Carlos Magno. 
    Há uma espécie de vão abaixo do  local onde está o trono. Em dias de  peregrinação, pode-se passar por esse vão, tendo-se, assim, contato especial com essa gloriosa reminiscência do Império.
    Do ponto de vista estritamente artístico, esse trono é muito inferior ao relicário.  Entretanto,  nota-se  a  preocupação  de  fazer  uma  coisa bela e nobre, pela quantidade de mármores que não  havia no território do Império  de Carlos Magno. Era necessário importá-los de outros lugares e transportá-los, com proteção  de  grupos  armados,  em  dorso de mula, por estradas difíceis,  enfrentando  perigos  como cair em abismos. Os grampos de ferro que existem no trono e  o enfeiam, parecem ter sido postos muito tempo depois, para assegurar a coesão de suas várias partes.
    Há também um busto de Carlos  Magno, no qual vemos que em seu  traje figuram uma série de águias e,  na orla inferior, flores de lis, que são  símbolos do Sacro Império Romano  Alemão e da França, respectivamente. O artista que elaborou esse busto procurou colocar-se na perspectiva daquela época, e o fez de modo  acertado.



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