A Catedral de Aachen situa-se na cidade onde o Imperador Carlos Magno instalou sua capital, e na qual morreu.
Há na Catedral de Aachen uma fusão de estilos com diversos elementos arquitetônicos: o domo propriamente dito — que é a cúpula central grande, encimada por outra pequena, tendo no alto uma cruz — é românico; as torres, as ogivas e as rosáceas de cristal são de estilo gótico.
Do lado de fora da catedral, há figuras muito bonitas, nas quais se nota — como é patente nas incontáveis esculturas existentes no interior e exterior das igrejas medievais — uma paz, uma serenidade extraordinárias: são homens grandes, fortes e muito másculos.
Uma nota componente da Idade Média é a serenidade, da qual o mundo de hoje perdeu a fórmula: ligação harmoniosa entre a força e a doçura. Os varões aí representados são fortíssimos — herança da natureza pujante dos povos germânicos — e, ao mesmo tempo, dulcíssimos. E esse ambiente de serenidade provinha de um passado cheio de lutas e também de oração, de piedade e de obras de misericórdia.
Podemos imaginar o que seria uma igreja repleta daqueles homens dulcíssimos e fortíssimos, todos entoando canções religiosas ou aguardando, num silêncio muito meditativo, a hora da Consagração. E o grande Carlos assistindo, resplandecendo de piedade e de glória.
Há altas arcadas, com dois andares de colunas, e por detrás se vêem os vitrais que eram lindos, famosos, e que foram destruídos durante a última guerra mundial. Foram eles substituídos por outros muito inferiores, mas bonitos vitrais, perfeitamente dignos, permitindo avaliar qual é o efeito ótico desejado por aqueles que os fabricaram. Essas arcadas lembram vagamente o estilo da Basílica de São Marcos, em Veneza. O estilo da Catedral de Aachen é clássico-românico, e o da Basílica de Veneza, bizantino.
A cúpula internamente é constituída por mosaicos dourados, muito bonitos, com cenas sacras.
O relicário que contém os restos mortais de Carlos Magno é uma das mais bonitas peças de ourivesaria que existem. Quando examinado de perto, verifica-se cada uma de suas facetas, e depois aprecia-se o conjunto. A harmonia é perfeita!
Compreende-se, assim, como as populações nascidas do esforço de Carlos Magno, que eram descendentes dos antigos bárbaros e dos romanos decadentes, foram se civilizando, se aperfeiçoando, trabalhadas pelas mãos — que eu chamaria divinas — da Igreja Católica.
Há também, próximo deste, outro relicário, o qual, como objeto de arte, é um encanto. O relicário contém: o manto de Nossa Senhora; as faixas de Jesus, usadas no presépio; o tecido que envolveu a cabeça de São João Batista, depois de sua decapitação; e o pano que cobriu Nosso Senhor na Cruz. Pergunta-se qual a autenticidade das relíquias que ele contém. Quer dizer, são realmente das santas e sagradas personalidades referidas? Como chegaram a Carlos Magno?
Há uma espécie de vão abaixo do local onde está o trono. Em dias de peregrinação, pode-se passar por esse vão, tendo-se, assim, contato especial com essa gloriosa reminiscência do Império.
Do ponto de vista estritamente artístico, esse trono é muito inferior ao relicário. Entretanto, nota-se a preocupação de fazer uma coisa bela e nobre, pela quantidade de mármores que não havia no território do Império de Carlos Magno. Era necessário importá-los de outros lugares e transportá-los, com proteção de grupos armados, em dorso de mula, por estradas difíceis, enfrentando perigos como cair em abismos. Os grampos de ferro que existem no trono e o enfeiam, parecem ter sido postos muito tempo depois, para assegurar a coesão de suas várias partes.

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