• terça-feira, 10 de maio de 2011

    Catedral de Colônia - O ideal expresso em beleza

    A alma alemã é meditativa,  idealista, voltada para a constante procura de uma realidade superior, invisível e metafísica. Esse apelo de alma germânico encontra-se, bastante  deteriorado, nas composições de um  Wagner, por exemplo. E se acha, em todo o seu esplendor, em toda a sua  ousadia de vôo, na Catedral de Colônia.
    À primeira vista, dir-se-ia apenas duas torres, ligadas por um pequeno corpo central de edifício, espremido, quase como um belo hífen que  as une.
    As  torres  se  lançam  vertiginosamente  para  o  alto,  concebidas  na  idéia de levar o espírito para cima  e, nessa vigorosa ascensão parecem  emular entre si, imergindo cada qual  num dos olhos do observador, atraindo-os a extraordinárias alturas. Tanto são leves, esguias, sem abandonar  a característica robustez alemã.
    Sozinhas,  essas  torres  perderiam  algo de sua formosura, ficariam desproporcionadas,  claudicantes.  Pelo contrário, juntas, harmonizam-se,  apóiam-se para subir. A elevação extrema a que chegam é compensada  pela base, e por um ponto invisível  de equilíbrio — mais uma vez: metafísico — que paira nos ares, elo de  junção insuspeitado das duas torres,  que o espírito idealiza e o olhar não  percebe. Este é o ponto de união no  mais alto dos altos das duas torres da  Catedral de Colônia.
    À medida que se erguem, elas se  afilam, se adelgaçam, acentuando a  extensão da altura, como se se perdessem nas nuvens. O próprio rendilhado de pedras em que terminam  as torres reforçam essa idéia de irreal: já meio céu, meio terra, meio  obra do homem, meio obra de Deus, dentro da ilusão de ótica de quem as  contempla do solo. As últimas pontas  de  alvenaria,  não  conseguindo  ir mais longe, morrem sobre si mesmas com elegância e distinção. Tudo  é feito para se afinar, afinar, afinar,  subir...
    Suas ogivas também crescem para o firmamento, e tendem a disputar com as torres a primazia nas alturas.
    Ao  contrário  da  fantasia  oriental, patente nos minaretes das mesquitas, tão frágeis e delgados, a Catedral de Colônia é a expressão da  fantasia ocidental: um mundo de pedras, sólida, com sua base forte, possante, cravada no chão, maravilhosamente compacta até o momento em  que as duas torres se separam e começam seu vôo.
    É  a  manifestação  do  gênio  da  Idade Média que se mostra nessas  belezas,  lavorado  de  forma  idealista, em busca dos esplendores indizivelmente  magníficos  que  nos  aguardam no Paraíso.  

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