• quarta-feira, 12 de março de 2014

    O castelo de Palmela

    Reedificada no século XII, esta altaneira fortaleza incute ainda hoje esperança e certeza da vitória em quem a contempla com espírito de fé.
    Milhares e milhares de peregrinos visitam o túmulo do Apóstolo São Tiago, em Santiago de Compostela. Muitos deles fazem a pé um longo percurso, como os provenientes de Roncesvales, na fronteira com a França. Todos se sentem atraídos pela presença da graça de Deus a irradiar-se daquela campa bendita.
    Esta irradiação alarga-se por Portugal inteiro, pois os religiosos da Ordem de Santiago da Espada estabeleceram nas terras de Santa Maria seus domínios e suas fortalezas, ajudando os Reis Fidelíssimos na reconquista deste território de Santos e heróis.
    Encontramos hoje vestígios dessa presença especialmente nas regiões de Setúbal, Palmela, Alcácer do Sal, Sesimbra, Almada, Cabo Espichel e outras, nas quais a Cruz de Santiago pode ser observada em frontispícios de igrejas, fontes, chafarizes, jardins públicos e monumentos diversos.
    Em Palmela, os monges alojaramse num autêntico ninho de águias, uma fortaleza que desempenhou o seu papel castrense até meados do século XIX, quando foi desativada. De tal maneira ela era difícil de ser tomada de assalto que, ao reconquistá-la pela segunda vez em 1165, Dom Afonso Henriques travou a batalha decisiva a uma légua de distância, não se arriscando à escalada de suas muralhas.
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    Essa formidável praça fortificada situa-se numa ponta da esplendorosa Serra da Arrábida, próxima do estuário do rio Sado, não longe do Tejo. Em qualquer ponto da cidadela onde se coloque, o visitante pode contemplar grandiosos panoramas — a península de Setúbal, Lisboa, a serra de Sintra, o Tejo perdido na lezíria, Setúbal, o Sado, o imenso campo alentejano, até o luminoso e azulado espelho do Oceano Atlântico, a Costa Azul portuguesa.
    Conserva ela ainda hoje diversos vestígios do período medieval e pré-medieval. Há quem considere que os primitivos alicerces são ainda do tempo dos romanos.
    Com a instalação do centro da Ordem Militar de Santiago da Espada em Palmela, a fortaleza sofreu sucessivas alterações estruturais devido a sua posição estratégica e acabou tornando-se o centro de comunicação e de mútuo apoio dos sete castelos daquela região. Mas foi Dom Jorge, Duque de Coimbra e filho do rei Dom João II, quem nela empreendeu, no século XV, as maiores modificações.
    Vários reis portugueses também a restauraram e ampliaram, transformando-a num baluarte poderoso e imponente. Suas muralhas são altas, belas e grandiosas, formando três linhas de defesa em torno da cidadela.
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    Hoje, transcorridos vários séculos, o Castelo de Palmela, visto de qualquer ângulo — tanto durante a neblina matutina, quanto num límpido dia de verão, ou à noite iluminado pelo luar — transfigura-se sempre ao olhar atento do observador que sabe contemplá-lo com olhos de Fé. E parece ainda pairar sobre ele o Apóstolo São Tiago, incutindo confiança e certeza da vitória da causa do Bem no mundo inteiro. 

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