Reedificada
no século XII, esta altaneira fortaleza incute ainda hoje esperança e certeza
da vitória em quem a contempla com espírito de fé.
Milhares
e milhares de peregrinos visitam o túmulo do Apóstolo São Tiago, em Santiago de Compostela. Muitos deles fazem a pé um
longo percurso, como os provenientes de Roncesvales, na fronteira com a França.
Todos se sentem atraídos pela presença da graça de Deus a irradiar-se daquela
campa bendita.
Esta
irradiação alarga-se por Portugal inteiro, pois os religiosos da Ordem de
Santiago da Espada estabeleceram nas terras de Santa Maria seus domínios e suas
fortalezas, ajudando os Reis Fidelíssimos na reconquista deste território de
Santos e heróis.
Encontramos
hoje vestígios dessa presença especialmente nas regiões de Setúbal, Palmela,
Alcácer do Sal, Sesimbra, Almada, Cabo Espichel e outras, nas quais a Cruz de
Santiago pode ser observada em frontispícios de igrejas, fontes, chafarizes,
jardins públicos e monumentos diversos.
Em
Palmela, os monges alojaramse num autêntico ninho de águias, uma fortaleza que
desempenhou o seu papel castrense até meados do século XIX, quando foi
desativada. De tal maneira ela era difícil de ser tomada de assalto que, ao
reconquistá-la pela segunda vez em 1165, Dom Afonso Henriques travou a batalha
decisiva a uma légua de distância, não se arriscando à escalada de suas
muralhas.
* * *
Essa
formidável praça fortificada situa-se numa ponta da esplendorosa Serra da
Arrábida, próxima do estuário do rio Sado, não longe do Tejo. Em qualquer ponto
da cidadela onde se coloque, o visitante pode contemplar grandiosos panoramas —
a península de Setúbal, Lisboa, a serra de Sintra, o Tejo perdido na lezíria,
Setúbal, o Sado, o imenso campo alentejano, até o luminoso e azulado espelho do
Oceano Atlântico, a Costa Azul portuguesa.
Conserva
ela ainda hoje diversos vestígios do período medieval e pré-medieval. Há quem
considere que os primitivos alicerces são ainda do tempo dos romanos.
Com a
instalação do centro da Ordem Militar de Santiago da Espada em Palmela, a
fortaleza sofreu sucessivas alterações estruturais devido a sua posição
estratégica e acabou tornando-se o centro de comunicação e de mútuo apoio dos
sete castelos daquela região. Mas foi Dom Jorge, Duque de Coimbra e filho do
rei Dom João II, quem nela empreendeu, no século XV, as maiores modificações.
Vários
reis portugueses também a restauraram e ampliaram, transformando-a num baluarte
poderoso e imponente. Suas muralhas são altas, belas e grandiosas, formando
três linhas de defesa em torno da cidadela.
* * *
Hoje,
transcorridos vários séculos, o Castelo de Palmela, visto de qualquer ângulo —
tanto durante a neblina matutina, quanto num límpido dia de verão, ou à noite
iluminado pelo luar — transfigura-se sempre ao olhar atento do observador que
sabe contemplá-lo com olhos de Fé. E parece ainda pairar sobre ele o Apóstolo
São Tiago, incutindo confiança e certeza da vitória da causa do Bem no mundo
inteiro.
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