Ao se
considerar a história da Santa Igreja, podemos compará-la a uma planta em
contínuo florescimento. De maneira tal que, quando atingir sua estatura
perfeita, tiver exalado todo o seu aroma, resplandecido com todo o seu
esplendor e beleza, será reconhecida como o esteio de todo o universo. E,
cumprida sua missão, será colhida por Deus.
Devemos,
portanto, conceber que nesse seu inteiro desabrochar, a Igreja manifestará tudo
quanto nela existe de
formosura e de expressões de santidade ainda não externadas, além de
aprimoramentos e requintes do que ela engendrou ao longo dos séculos. Pensemos,
por exemplo, nas maravilhas de que se revestem os ritos e a liturgia católica,
seus simbolismos e mistérios, e teremos idéia do que poderá ser o ápice de tudo
isso.
Quem
não percebe, ao acompanhar a celebração de uma Missa solene, admirando os
reluzimentos dos objetos sagrados, a coruscação dos tecidos bordados a ouro, os
paramentos eclesiásticos, etc., quem não percebe ali que a Igreja exprime algo
além dos seus dogmas já definidos?
O
formato e as cores desses paramentos, dessas casulas e dalmáticas, foram
engendrados aos poucos, introduzidos lentamente nos costumes da Igreja, sem que
houvesse nenhuma preocupação de combinações e articulações para que viessem a
lume. Foram surgindo a esmo: pessoas que não entendiam de teatro, arquitetaram
uma como que dramaturgia magnífica, com roupagens extraordinárias; guiadas pelo
senso da Igreja, pelo Espírito Santo, escolheram, destilaram, arranjaram,
realizaram maravilhas de primeira grandeza.
A todo
momento olhamos para a Igreja e dizemos: “é impossível ser mais perfeito”. Mais
um tempo, e ela reluz de perfeição maior. Flor de desabrochar tão exímio, que é
continuamente assim, e quem tem olhos para vê-la, nunca se sacia de admirá-la.
Então,
para imaginar a Igreja no seu grandioso fastígio, devemos imaginá-la com uma
certa forma de excelência que supera nitidamente todas as suas perfeições anteriores,
mas, de algum modo, as engloba, de maneira a não ficarem folhas de pulcritudes
dessa planta abandonadas pelo caminho. Todas serão recolhidas a fim de que —
não sabemos como — todos os aspectos de santidade da Igreja tenham sua síntese
nessa fase suprema, sob o especial bafejo de Maria Santíssima.
Plinio Correa de Oliveira - Extraído de conferências em 18/10/1982 e
6/7/1983
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